Cátia Andressa da Silva, ou melhor, Catita, além de criadora de conteúdo, é cool hunter, historiadora e cientista social. Essa extensa bagagem pode ser vista em todos os seus conteúdos, mesmo sob sua abordagem leve, poética e (portanto) acessível. Com suas crônicas, vemos sua profundidade de cientista social. Com sua curadoria literária, vemos seu lado cool hunter, que seleciona títulos que vão de Byung-Chul Han a Sally Rooney. No seu modo de viver, vemos a mistura de tudo isso e acompanhar seu olhar sobre o cotidiano é uma inspiração à parte. Nome por trás de campanhas e estratégias de muitos dos seus influenciadores favoritos, e autora da As Boas Notícias da Catita, hoje ela nos inspira na décima quarta edição do TREND SEEKER.
As cinco obsessões de Catita
Cátia Andressa da Silva (Instagram, Substack)
Lápis de olho marrom 👁️
“Como uma millennial bem cringe nascida início dos anos 80, eu adoro um olho borradinho de rímel e lápis esfumadinho. gosto daquele efeito "sujinho fim de festa" que só o lápis dá, sabe. e nos últimos tempos, fiquei obcecada com o efeito do lápis marrom nos olhos, que deixa o borradinho e o olhar mais leves. falo de obsessão porque já comprei, sei lá, uns 6 lápis marrons diferentes pra testar tons e texturas.”
Rashida Jones 👸🏻
“Assisti outro dia On The Rocks, da Sophia Coppola, na Mubi, que é com ela e o Bill Murray e fiquei apaixonada por absolutamente todos os looks que ela usa no filme. O filme é bem ruim, mas serve bons looks no estilo mãe cool rica despojada e nova yorkina. Todos os clichês do mundo, mas ela está linda e isso bastou pra eu ir direto pra wikipedia ver o que mais ela andava fazendo. Fiquei de cara descobrindo todas as skins da mulher, além de atriz. Ela canta, produz, dirige, roteiriza. Ela foi roteirista de toy story 4, cara. Levei um susto quando vi o nome nos créditos do filme - que é tão filme favorito do ano da minha filha que foi tema do aniversário dela de 3 anos no mês passado. Desde então tô assistindo, ouvindo e prestando atenção em tudo que ela faz e sigo obcecada. Aproveitando a dica: Sunny, a série da apple tv que ela estrela, é creep e maravilhosa; Quincy, o doc sobre o pai - ela é filha de Quincy Jones -, que está na netflix e ganhou o Grammy de melhor filme musical em 2019, é primoroso. Rashida faz tanta coisa que dá um cansaço, mas sabe aquelas pessoas que são interessantes de tudo? É fácil ficar obcecada por ela.”
Loucura 🪅
“Sempre gostei do tema e, não à toa, lá em 2006, no meu TCC, já escolhi Foucault como referencial teórico. Desde o ano passado, quando passei a estudar criatividade, a loucura estava aparecendo com recorrência associada ao assunto. E aí, meu deus, é muito fácil se levar pelo tema. Voltei a ler Foucault e todas as suas obras centradas por ela, além de ir pesquisar artistas (músicos, artistas plásticos e escritores) que flertaram ou mergulharam na loucura. Arthur Bispo do Rosário, Leonilson, Virginia woolf, tem tanta gente genial que viveu intensamente a loucura ou o limiar dela. Loucura é construção social, anda lado a lado com a razão que a gente tanto brada e, institucionalizada, é um dos mais poderosos instrumentos de poder. Já pensou no que isso representa na classificação "loucos versus sãos"?
Listras 🟰
“Tái outra coisa que sempre amei, mas a moda dos últimos dois ou três anos resgatou o stripes mood com força. Sigo um influenciador que colocou listras no chão do terraço do seu apartamento e é a coisa mais linda do mundo. Sabe aquela vibe das casinhas com toldos listrados da argentina? Eu acho que listras na decoração e roupas listradas têm todas aquela vibe e eu sinto cheiro de café e media lunas docinhas só de olhar. Meu Pinterest tem mais referências do que é possível adotar e meu guarda roupa já tem mais listras do que eu preciso - poderia ter mais? Poderia. Preciso de mais? Não preciso.”

Adam Phillips 📖
“Conheci o psicanalista por conta de um lançamento da editora ubu esse ano, Sobre Desistir. No livro, ele mergulha nas razões pelas quais a gente pode desistir de algo e nas formas com as quais a gente desiste das coisas. E o livro é um abraço em pessoas como eu, que viveram toda vida na pressão da excelência, e nunca lidaram bem com qualquer ideia de desistência. Não que faltasse vontade, mas é um desconforto tão grande essa associação que a gente faz com o fracasso, né? Depois, por causa do meu amigo Michel Alcoforado, que me disse "esse cara é muito gênio!", descobri que Phillips escreveu outras obras tão ou mais incríveis (fazia 30 anos que ele havia sido publicado pela última vez no brasil) e que são absolutamente desconhecidas por aqui. Ele escreve sobre absolutamente todos os assuntos - de educação infantil a -adivinha- loucura, com insights geniais. Estou agora lendo dois livros dele ao mesmo tempo, um sobre a vida que a gente vive e a que a gente gostaria de viver, e outro sobre, claro, loucura.”
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→ #13 CRISTINA RIOTO
eu amei compartilhar minhas pequenas obsessões atuais. obrigada pelo convite e pelas palavras tão carinhosas, minha querida.